O Projeto “ISTO É VIOLÊNCIA!”, cofinanciado pelo Programa de Financiamento a Projetos do INR, IP. 2024, realizou um inquérito para compreender as perceções de pessoas com deficiência sobre o fenómeno de violência.
O estudo contou com 94 participantes, principalmente com deficiência motora (54) e em sua maioria do sexo feminino (57,4%). A faixa etária variou entre 8 e 79 anos, com a maioria entre 18 e 64 anos (94,7%), e apresentaram níveis de escolaridade variados, embora predominasse o ensino secundário (31,9%) e superior (24,5%). Em relação ao emprego, apenas uma minoria estava empregada (18,1%) ou a estudar (7,5%), com uma parte significativa desempregada, nunca tendo trabalhado, pensionista ou aposentada.
A análise revelou que a violência psicológica foi a mais relatada (28,8%), seguida de discriminação (20,1%), questões de acessibilidade (19,9%) e bullying (16,3%), com a violência física sendo menos prevalente (15,8%). Da análise realizada, observou-se ainda a existência de pessoas com deficiência que sofrem múltiplos tipos de violência, exacerbando os impactos negativos nas suas vidas diárias e bem-estar.
Os agressores mais comuns incluíam membros da família, colegas e desconhecidos, com situações frequentes ocorrendo em casa e na comunidade. Violência física, psicológica, bullying e discriminação foram todas amplamente experimentadas pelos participantes. Em casos de violência física, os membros da família foram frequentemente os agressores (36,8%), enquanto na violência psicológica, amigos e colegas de trabalho também tiveram um papel significativo. A discriminação foi relatada em várias esferas da vida, com a escola sendo um local comum. A falta de acessibilidade também foi um problema comum, sendo que muitos participantes indicam que enfrentam obstáculos nas suas vidas diárias.
Em relação ao pedido de apoio e denúncia, uma parte significativa dos entrevistados conhecia instituições de apoio (58,5%), mas apenas uma minoria terá pedido ajuda (16%). Aqueles que procuraram ajuda, entraram em contacto com agentes de segurança ou instituições de solidariedade social, embora uma parcela substancial considera que o apoio recebido não foi adequado. As razões para não procurar ajuda variaram: aceitar a situação como normal, medo de represálias, desconhecimento de onde procurar ajuda e falta de confiança nas instituições.
Em suma, o estudo destacou os desafios enfrentados pelas pessoas com deficiência em relação à violência, distinguindo várias formas de violência e identificando áreas-chave para melhorar o apoio e a denúncia. A falta de acessibilidade e a discriminação foram destacadas como questões cruciais, juntamente com a necessidade de melhorar a sensibilização e os recursos disponíveis para ajudar as vítimas.
Neste seguimento, a APN irá desenvolver uma campanha de sensibilização para a prevenção da violência contra as pessoas com deficiência, através da criação de 5 vídeos com testemunhos de violência sobre pessoas com deficiência e divulgação de contacto úteis para a denúncia de situações de violência.